Voa...

Ele disse que queria vê-la. 
Ela sorriu inteira.. 
Saiu mais cedo do trabalho. 
No caminho pra casa comprou o vinho e os petiscos que ele tanto gosta.. 
As lembranças do último encontro passavam repetidamente como um filme em seus mínimos detalhes. 
Ela lembrava tão bem do seu cheiro e do seu toque, que as vezes parecia que ele estava ali.. soprando sua nuca e narrando tudo o que faria com ela.. ali com aquela voz mansa e segura, narrando tudo lentamente.. 
Corava ao lembrar.. sentia o fogo na parte que umedecia, ao tempo em que um calafrio lhe percorria espinha. 
As mãos.. as mãos dele passeavam pelo seu corpo como se fossem feitas de seda, até que subitamente, agarravam suas carnes como um animal lutando pra matar o descontrole que a fome incita. 
Chegou em casa, tentou arrumar as coisas mas não se conteve, e gozou no sofá da sala, pensando nele. 
Voltou a si, resfolegando como alguém, que acabou de fazer uma travessia a nado. 
Olhou o relógio.. se assustou, e correu. 
Recolheu as roupas jogadas pela casa, e jogou de qualquer maneira dentro do armário. 
Pôs o vinho pra gelar. 
Escolheu a roupa que ia usar.. 
Aquela calcinha que ele pode rasgar.. 
Pôs um som e cantou junto enquanto se depilava. 
Tomou banho.. com os olhos fechados, como se dançasse consigo mesma enquanto se ensaboava, e em determinados refrões se valia do shampoo como microfone e cantava o mais alto que conseguia. 
Viva, era assim que ela se sentia. 
Saiu do banho, tomando cuidado para não deixar a calcinha preferida, secando na torneira, e nem o bolo de cabelo acumulado no ralo. 
Sensualmente vestiu a calcinha como se estivesse fazendo um striptease ao contrário. 
Se maquiou.. se olhou.. conferiu a barriguinha, se achou gorda, quis desmarcar. 
Desencanou, bebeu uma taça de vinho, dançou semi nua na sala, como um deusa louca. 
Deitou na cama, tentou assistir algo, enquanto esperava, não conseguia assistir nada, nenhum canal entretia, nem a música, nem o vinho, nem nada. 
Já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha corrido em disparada até a janela, sempre que um carro qualquer buzinava. 
Quis ligar milhões de vezes mas desistiu, não queria que ele pensasse que ela estava desesperada, vivendo por isso. 
O telefone tocou, ela saiu correndo e deu uma topada, respirou por cima da dor, se controlou e atendeu com a voz mais carinhosa do mundo. Éra ele..
-Ih, foi mal.. hoje não vai dar pra gente se ver, depois te ligo aí. tú tú tú tú ... 
-Cretino.
CUIDADO MULHERADA ABRAM O OLHO..RSRRS